Blog Action Day 2014: Desigualdade #BAD2014 #Inequality

Blog Action Day 2014

Explicando o Blog Action Day: é uma ação organizada pelo grupo change.org e que ocorre uma vez por ano, envolvendo blogueiros em todo o mundo, e todos se unem para falar de um mesmo assunto importante, escolhido previamente. Neste ano o tema é Desigualdade, seja ela de qualquer tipo.

Coincidentemente, no dia 14/10, o Credit Suisse Research, grupo de pesquisa do banco suíço, divulgou o resultado de que apenas 1% da parcela mais rica do mundo possui praticamente metade da riqueza global. O relatório também mostra que a desigualdade continua crescendo, ecoando a acusação de ONGs de que a recuperação econômica da crise de 2008 “beneficiou os mais ricos”.

O Brasil é um ótimo exemplo de desigualdade social, isso facilmente visível nos grandes centros urbanos, onde vemos bairros tidos como “nobres” dividindo espaço com bairros pobres e favelas, refletindo nosso gritante contraste social.
Obviamente o país cresceu muito nos últimos anos, inclusive saindo do mapa da fome da ONU, mas há muito ainda a ser conquistado, e outras injustiças sociais precisam ser corrigidas, mas já estão num bom caminho, como as cotas raciais nas faculdades e o Bolsa Família.

Outra coisa que precisa ser corrigida e que eu não canso de bater nessa tecla tanto aqui no blog quanto nas minhas redes sociais são os direitos igualitários à comunidade LGBT que, apesar de já ser possível ter reconhecimento civil com o casamento entre pessoas do mesmo sexo, ainda não temos uma LEI propriamente dita que assegure esse direito, pois basta uma mudança de cadeiras no Judiciário e essa medida pode ser derrubada a qualquer momento. Além disso, faz-se urgir o direito a adoção por casais LGBT, entre outros.

Não “puxo a sardinha” só “pra minha brasa”, eu defendo os direitos humanos de todos, mas principalmente das minorias – indígenas, quilombolas – e dos historicamente injustiçados – negros e mulheres.
Negros ainda sofrem muita discriminação num país que, ironicamente, é tão miscigenado como o nosso, ainda são tratados com desconfiança e desrespeito pelas forças policiais e de segurança privada, pela classe política e parte dos religiosos, e a maioria dos jovens assassinadas hoje no Brasil são negros; os negros ganham menos do que os brancos, e isso precisa ser mudado. Claro que não é fácil apagar 300 anos de injustiça assim de uma hora para outra, mas facilitar a eles o acesso à educação e ao trabalho igual ao dos brancos ainda é o melhor caminho.
Já as mulheres tiveram muitos avanços nas últimas décadas, porém ainda sofrem diariamente com o machismo da sociedade patriarcal, e têm mais dificuldades em obter os mesmos benefícios dados aos homens na maioria dos âmbitos cotidianos.

As desigualdades, não só no Brasil, mas como no mundo do todo, são inúmeras, e há muito trabalho a ser feito não só pelos governos como por todos e – principalmente – os cidadãos comuns, que, com pequenas ações no dia a dia, podem fazer a diferença.
E tem gente por aí que ainda defende a meritocracia…

P.S.: Leia as minhas participações em 2010, 2011 e 2013 (em 2009 eu estava no Blogger e infelizmente o blog não possuía arquivo, e em 2012, o meu blog perdeu a maioria dos posts).

Gays homofóbicos: até quando?

Estava eu conversando com um carinha – gay, claro – no Whatsapp, quando, de repente, entrou no assunto “gays que usam as unhas grandes”. Segue print da conversa:

Conversa homofobica

O áudio que enviei para ele está abaixo, só ignorem duas coisas:
– A parte em que eu falo “as lésbicas gays” (nossa kkkk);
– E o fato de que sou campeão mundial em não gravar o áudio até o final, mas mesmo assim dá pra entender o que eu quis dizer no fim do mesmo.

Áudio wpp Gilga.wma

Enfim, né, gente. É exatamente o que eu digo no áudio: vai ser difícil a comunidade LGBT conseguir – não digo apenas no Brasil, como em todo o mundo – direitos igualitários enquanto não nos unirmos para lutar por eles, e enquanto houver essas divisões despropositadas dentro da própria comunidade gay, muitas delas levadas por pura homofobia (mas vejam só a ironia!) e padrões heteronormativos. Ora, você até pode ser gay, mas não pode ser “bichinha”, não pode ser afeminado, não pode ser travesti, drag ou transexual, tem que se vestir “comportado”, como “macho”, tem que ser “discreto”, não “dar pinta”, não levantar bandeiras. Ah, faça-me o favor! Se você é gay e pensa assim, vá se foder! Você é uma vergonha para nós gays! Nem gay você pode ser considerado!
E a questão não para apenas no preconceito machista, homofóbico e heteronormativo da coisa; gays que segregam as “tribos”, como os “ursos” (pq acha ser gordo feio), as “barbies” (gays sarados, pq acredita-se que eles não tem nada na cabeça e só pensam em malhar), as bichas “pão-com-ovo” ou “poc-poc” (pq são pobres ou tem “mau gosto em se vestir”/não andam “na moda”), etc etc. Qualquer peculiaridade já é motivo para discriminar nossos irmãos – sim, porque somos todos iguais -, se o outro não pensa, age ou se veste como você, não merece seu respeito, acha feio e tenta isolar isso da sua vida… Burrice, cara! Claro que isso ocorre muito entre os heterossexuais, afinal, se falar outra língua, tiver outra religião ou etnia, e até torcer pra outro time de futebol, já é motivo o suficiente para querer inclusive matar uma pessoa, mas nós, LGBTs, não podemos nos dar esse “luxo”. Já somos vítimas de preconceito diário pela maioria heterossexual, e ainda vamos discriminar a nós mesmos? Nós, que somos uma minoria tão injustiçada? Não, caras! Temos que nos unir e nos protegermos COMO NUNCA, pois somos vítimas há séculos e temos que dar um fim urgente nessas injustiças!
Ponham a mão na consciência, por favor.

Ateísmo: respeito vs iconoclastia

Charles Darwin

i.co.no.clas.ta 
adj e s m+f (do grego eikon, “ícone”, e klástes, “quebrar”) 1 Que, ou quem destrói imagens religiosas ou ídolos. 2 Que, ou quem não respeita tradições e monumentos. 3 Que, ou quem mina o crédito ou reputação alheia. 4 Que, ou quem se mostra hostil a princípios sãos ou moralistas.

São várias as idiotices que lemos na internet. Uma delas é um movimento mal-intencionado de “ateus”, que falam mais de Deus (falam mal, mas falam) do que os próprios cristãos. Exemplo maior está na página do Facebook “ATEA” (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos), onde imagens de piadinhas tirando sarro do Cristianismo é lugar-comum. Mas eles não sabem que não são ateus de verdade, mas sim iconoclastas, como na descrição acima do Michaelis.
O ateu é aquele que não acredita na existência de Deus. Eu sou ateu. Prefiro acreditar no que a Ciência pode provar, e nenhuma religião condiz com a visão que tenho do Universo.
Mas o iconoclasta não. Ele, além de não acreditar, tem o prazer de espezinhar o credo alheio.
Veja bem: a religião é a base da vida de uma pessoa. Sob os preceitos e valores religiosos é que ela vive (ou ao menos deveria). A religião é um ideal, a política de vida e, muitas vezes, a “verdade universal” (mesmo eu achando que isso nunca deveria acontecer). Você não pode simplesmente chegar num crente (quando digo “crente” não me refiro a apenas o evangélico, mas todo aquele que crê em algo) e dizer “Seu livro sagrado é um conto de fadas”, “Seu deus não existe”, “A ciência provou que isso não é verdade” etc. Isso é pior do que xingar a mãe do cara. É preciso ter um mínimo de respeito.
Não acredita? Beleza. Tá permitido não acreditar. Mas é totalmente desnecessário você ir lá e tentar “destruir os ícones” do cara (isso também vale para o pastor Sergio Von Helder, ok?). Cada um deve viver com suas “verdades”. Deixa ele ser feliz acreditando no que quiser. Quem é você pra dizer qual religião (ou não) é a melhor, qual deve ser a visão de mundo que a pessoa deve seguir? O mundo é feito de diferenças e viva o livre arbítrio.
Por mim, as pessoas podem seguir os ideais que quiserem, contanto que elas não usem os mesmos para tentar prejudicar ou tirar os direitos de outras (Feliciano, Bolsonaro, Malafaia, é com vocês), nesse caso eu sou veemente contra.
O mundo deve ser alicerçado sobre o respeito, e mesmo se eles não toleram o seu ateísmo, tipo alguns “cristãos” que atribuem o fato de “não ter Deus no coração” com cometer crimes (o Datena manja do assunto), não se ofenda e tolere. Se eles não mostram a compaixão e amor ao próximo que eles mesmo pregam (ou deveriam), faça você isso. Evita estresse e você dorme mais tranquilo.

P.S.: Pra quem não conhece o senhor na foto que adorna esta matéria, trata-se de Charles Darwin, um dos meus ícones favoritos (falei deles aqui).

Leia também: Jesus era louco.

Boicote à Rússia / Бойкот России

Boicote a Russia

Não sou de compartilhar esse tipo de vídeo e inclusive, sempre que posso, evito de assisti-los, mas preciso mostrar a vocês para dar ênfase ao meu argumento. O vídeo abaixo é um alerta do grupo Human Rights Watch sobre o que vem acontecendo aos gays na Rússia, com imagens feitas e compartilhadas pelos próprios agressores (em inglês):

Já é sabido que, no governo de Vladimir Putin, há leis “antigays”, que proíbem “propaganda gay” e recrimina comportamentos homossexuais. E os agressores nos vídeos simplesmente não sofrem nenhuma penalidade legal, eles têm “carta branca” para cometer crimes homofóbicos livremente.
Por esses motivos, e aproveitando que se iniciaram hoje os Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, venho pedir o total boicote à Rússia. Se você é um LGBT, simpatizante ou defensor dos direitos humanos, por favor, não assistam aos Jogos Olímpicos, e não consumam nada – ou ao menos, o mínimo possível – de produtos de origem russa, seja vodca, sites, games, vídeos “engraçados” do tipo “coisas que só acontecem na Rússia ha-ha”, e até mesmo pornografia (uma das melhores da Europa), pois se eles não têm o menor respeito por sua comunidade LGBT, não terão nossa audiência.
Eu não moro na Rússia e nem perto, mas não é por isso que vou ficar de braços cruzados enquanto nossos irmãos são violentados e mortos no maior país do mundo e os culpados permanecem impunes.
O despertar pela situação na Rússia está acontecendo por todo o mundo, inclusive 200 escritores – incluindo 4 vencedores do prêmio Nobel – assinaram carta contra as leis antigay, o ator americano Wentworth Miller recusou um convite a comparecer na Rússia (após assumir-se gay), a fábrica escocesa Brewdog criou uma cerveja em protesto ao presidente Putin e à lei antigay, e até o Google demonstrou repúdio ao governo homofóbico russo em um doodle

Passe essa ideia adiante. Compartilhe este link no Facebook, Twitter e outras redes sociais e ajude a mostrar o que está acontecendo de muito errado no país-sede dos Jogos de Inverno 2014 e a divulgar o boicote entre o maior número de pessoas possível.

Fonte: Upworthy

O beijo gay e seus desdobramentos

BeijoFelixNiko

Menos de 48 horas depois e a coisa mais comentada na internet é o beijo entre os personagens Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso), no último capítulo do folhetim “Amor à Vida“, da Rede Globo, e o que eu não queria era ser mais um dar opinião sobre os desdobramentos do ocorrido, porém como eu questionei uma vez a falta de um beijo gay nas novelas globais no meu antigo blog, me vejo obrigado a falar um pouco sobre esse polêmico evento, mesmo não tendo acompanhado a novela.
Primeiramente, queria deixar claro que o beijo de Félix e Niko não é “o primeiro beijo gay da TV brasileira”, e tampouco o da Globo. Em 1985, na novela “Um Sonho a Mais“, Ney Latorraca deu um selinho em Carlos Kroeber, mas esse não conta como “beijo gay” porque o personagem de Ney era uma mulher (mas ok, mesmo assim eram dois homens se beijando); em 1990, na minissérie “Mãe de Santo”, da extinta Manchete, mostrou os atores Raí Alves e Daniel Barcellos dando um beijo no escuro (só aparecem as silhuetas deles durante a cena, que pode ser vista aqui); em 2008, na minissérie global “Queridos Amigos“, o personagem de Guilherme Weber – gay – rouba um beijo de Bruno Garcia – hétero (mais um que não conta como “ósculo homossexual”); e por fim, na novela “Amor e Revolução”, de 2011 do SBT, exibiu o beijo entre as personagens de Giselle Tigre e Luciana Vedramini, mas parece que o Brasil não assistiu (mas tá no Youtube). E isso sem contar outras programas, como o “Beija Sapo“, da MTV.
Bom, depois desta pequena aula de história da dramaturgia brasileira, vamos entrar nos desdobramentos da cena do capítulo final de “Amor à Vida”. Sim, o desfecho do casal Félix e Niko foi um marco na TV brasileira, pois enfim quebrou-se o tabu de exibir-se um beijo gay em horário nobre, dando um desfecho razoável a um casal gay nas novelas (quem lembra de “América”, de 2005?) e para mostrar que isso é algo normal e quebrar (ou, ao menos, diminuir) o preconceito. Há relatos de que, durante a cena, a vizinhança vibrou como se fosse um gol da Seleção durante a Copa, e também temos um relato de aceitação de um jovem gay por parte do pai. Talvez tenham acontecido mais coisas boas assim que não temos notícias, mas com certeza nenhuma família brasileira foi destruída por causa de um selinho meio de lado entre dois atores, nenhuma criança “virou gay” por assistir a cena. Entrando nesse mérito, a classificação indicativa da novela era de 12 anos, mas lembrando que são os pais é que decidem se a criança pode ou não assisti-la. Eu acho que, no caso de um beijo, o quanto antes as crianças souberem que existem homossexuais e que isso é normal, melhor, pois assim se constrói um país com menos preconceito. E sobre o que é impróprio ou não para os infantes, acho que um beijo entre pessoas do mesmo sexo é mil vezes inofensivo do que cenas de violência, sexo, nudez, traição, assassinato etc, coisas que comumente se vê em programas deste horário. Vamos parar com a hipocrisia, né?
Não quis ler o que criaturas como Jair Bolsonaro e evangélicos extremistas pensam sobre o fato, mas notei que o beijo foi muito bem recebido entre o público.
Ficam aqui meus parabéns à Globo por finalmente ceder aos apelos dos telespectadores e que venham outros “beijos gay”, ao ponto de não precisarmos mais classificar os beijos e os casais como “gays” e “héteros”, tornando assim o Brasil, um país que é homofóbico e que mata 1 homossexual a cada 26 horas, num lugar melhor para a comunidade LGBT viver.

Adendo: Veja os beijos gays que já foram exibidos na televisão | Bol

Blog Action Day 2013: Direitos Humanos #BAD2013

BAD2013

Explicando o Blog Action Day: é uma ação organizada pelo grupo change.org e que ocorre uma vez por ano e envolve blogueiros em todo o mundo, e todos se unem para falar de um mesmo assunto importante, escolhido previamente. Neste ano o tema é Direitos Humanos, e veio bem a calhar, pois o Brasil passa por um momento delicado nessa área.

Os Direitos Humanos defendem recursos básicos para todas as pessoas do mundo, como saúde, educação, segurança, liberdade de imprensa, e zela pelo combate à tortura, exploração e discriminação.
O maior exemplo que posso usar no Brasil sobre como os Direitos Humanos estão em maus lençóis é a escolha para presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias ser Marco Feliciano, pastor evangélico fundamentalista que já mostrou ser racista, homofóbico e misógino em várias oportunidades. Como ter fé num país homofóbico como o nosso, onde homossexuais ainda têm diversos de seus direitos básicos negados (como direito à adoção, recebimento de benefícios como seguros de vida, previdência social e herança de cônjuges), sem citar toda a violência, tanto as agressões físicas, psicológicas (e a “cura gay”, que já falei aqui) e assassinatos, unicamente por conta de sua orientação sexual? Ainda não temos uma lei propriamente dita que defenda o casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas o Conselho Nacional de Justiça, em maio, determinou que os cartórios têm o dever de autorizar o casamento gay ou converter a união civil entre pessoas do mesmo sexo em casamento. Já é um começo.
Também temos a delicada situação dos indígenas e quilombolas, principalmente dos índios que, massacrados e expulsos de suas terras desde a chegada de Cabral, neste ano já sofreram com violência da polícia em diversos protestos.
Por falar em protestos, desde a onda de manifestações que iniciaram em junho em todo país, a polícia tem se mostrado cada vez mais despreparada e mostrou violência excessiva contra manifestantes, mesmo usando as chamadas “armas não-letais”, deixando várias vítimas, inclusive letais, violência essa que inclusive foi contra jornalistas, limitando a liberdade de imprensa defendida pelos Direitos Humanos.
Por falar nisso, a censura vem se mostrando cada vez mais em voga no Brasil, seja na internet, onde tivemos o caso da decisão judicial que obriga Google a remover textos e vídeos que ofendam deputados, ou ainda o desejo de alguns artistas de censurar biografias não autorizadas.
E, por fim, encerro com a recente e acalorada discussão em torno do assaltante que foi baleado por um policial, em São Paulo, levantando dois dos maiores clichês reacionários “Bandido bom é bandido morto” e “Direitos Humanos para humanos direitos”. Acho que a questão está longe das duas opções sugeridas, ou que bandido tem que morrer mesmo ou “Tá com pena, leva pra casa”. Claro que defendo que, a pessoa que entra pro crime e se sujeita a praticar assaltos à mão armada, deve estar ciente de que corre risco de morte, inclusive pelas forças policiais, e que o assaltante em questão acabou sendo detido a tiros em consequência de suas próprias escolhas, e não, não tenho pena do bandido, porém acho que a culpa nisso tudo é do governo que não combate a desigualdade social como deveria fazer e nem investe em educação e em criação de empregos, então, gente, vamos nos ater ao problema como um todo, e não sejamos mesquinhos ao ponto que achar que a culpa é só do bandido. Tenho preguiça dos argumentos dos ditos “cidadãos de bem”, como se a vida fosse em preto e branco, mas enfim, isso é assunto para outro post.

P.S.: Leia as minhas participações em 2010 e 2011 (em 2009 eu estava no Blogger e infelizmente o blog não possuía arquivo, e em 2012, o meu blog perdeu a maioria dos posts).

Os verdadeiros heróis do Maracanã

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Ontem, dia 30, a Seleção brasileira venceu a Copa das Confederações, com 3 gols sobre a Espanha, mas os verdadeiros heróis nem foram Neymar, Fred ou a bunda do Hulk, e sim três figurantes que roubaram a cena durante a cerimônia de encerramento, antes da partida.
Um casal de bolas (risos) segurou uma faixa protestando contra a privatização do Maracanã, enquanto outro figurante fez um protesto contra a homofobia. Os três “manifestantes infiltrados” (até então não identificados), não criticaram apenas o governo, mas também deram um tapa na cara da Fifa, que chegou em nosso país impondo praticamente uma ditadura, cagando regrinhas e deixando claro que era contra a onda de protestos no país com receio de “queimar o filme” da competição para o resto do mundo.

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Devemos parabenizar a estes três indivíduos, corajosos, que, assim como os manifestantes do lado de fora do Maracanã que, mais uma vez, foram massacrados pela força excessiva da polícia (cês viram a cena de guerra que era a imagem da Força Nacional chegando na imediação do estádio?), resolveram protestar e manifestar suas indignações contra a atual política brasileira. É de heróis assim, não de bons jogadores de futebol, mas de brasileiros comuns e guerreiros que lutam pelo que acreditam!

Sobre a “cura gay”

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O Brasil não nos deixa esquecer como ele verdadeiramente é. Um dia após o maior ato popular e democrático dos últimos 20 anos, nosso país dá um passo para trás. E que notícia terrível. Ontem, foi aprovada na Comissão de Direitos Humanos o Projeto de Decreto Legislativo 234/11, apelidado como projeto da “cura gay”.
Primeiramente vou falar do que se trata esse projeto: ele pede a retirada da resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 1/99 de 23 de Março de 1999, na qual os psicólogos não podem oferecer tratamento para a homossexualidade ou falar em público que a homossexualidade é um doença.
Apesar desse homem – que eu queria, ah, como eu queria, não falar mais sobre -, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), dizer que em momento algum cita a palavra “cura” no projeto, é justamente o que ele propõe, permitir que um psicólogo trate de um homossexual como se ele sofresse de uma patologia. Li alguns tweets da Marisa Lobo, a ~psicóloga cristã~ (para, além de coletar a opinião dela, pegar um pouco mais de raiva dessa vadia), e ela defende o projeto por afirmar que muitos homossexuais sofrem e são infelizes com sua condição (sic), e com o tratamento psicológico correto, é possível evitar até suicídios. Ora, eu sei que sim, têm muitos gays que não se aceitam, e sofrem e até se matam por terem nascido assim, mas resolução do CFP de 1999 nunca impediu que um homossexual procurasse um profissional da área para ajudá-lo com os transtornos causados pela rejeição de sua sexualidade. Resumindo, esse projeto apoia sim a “cura gay” e volta a defender que a homossexualidade é uma doença, o que sabemos que não é verdade.
Mas calma, gente, tenho uma notícia boa pra vocês: o CDH aprovando não significa que o projeto já está valendo; ele ainda precisa ser aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes de ser votado no Plenário, e é sabido que nesse meio tempo PROVAVELMENTE ELE NÃO SERÁ APROVADO por terem vários deputados contrários a esse tipo de retrocesso.
Então vamos parar com essa histeria toda, sendo que nem tudo ainda está perdido, e vamos aguardar o desfecho dessa novela antes de vocês pedirem atestado ou aposentadoria por homossexualidade, OK?
Cabem aí protestos bem barulhentos pra gente mostrar que é veemente contra a um descabimento destes até que esse projeto seja novamente votado. Não precisamos de cura! Homossexualidade não é doença, preconceito sim, e a cura pra esse mal é ler muito, seu bando de ignorantes!

PS.: Ah! E outra coisa que eu peço: não tentem ofender o Feliciano chamando de gay, porque assim vocês dão razão a ele que acha que gays são menos que gente e mostram que são iguais a ele. E outra, ele não merece ser gay por nem ser boa gente ele é.

[Atualizado] Fiquem com esse vídeo que mostra que nem todos naquela casa estão cegos:

“A Revolta do Vinagre”

Brasília_1706

O dia 17 de junho de 2013 entrará para a História do Brasil. Há uma semana, tudo começou em São Paulo onde foram organizados protestos contra o aumento da tarifa de ônibus em R$ 0,20 (e daí então o movimento foi menosprezado pelos “reacinhas” devido ao baixo valor etc), e na sexta-feira (14), ainda na capital paulista, os manifestantes foram massacrados pela violência excessiva da Polícia Militar (mesmo os protestantes gritando “Violência não”, levaram muito spray de pimenta, gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral) e, só depois de repórteres serem presos (um deles porque apenas estava portanto vinagre) e feridos é que a mídia – que até então chamava os manifestantes de “vândalos” – acordaram e mudaram de opinião (nem todos, né, Veja?), então o movimento deixou de ser apenas por R$ 0,20 e passou a ser pelo direito democrático à manifestação. No sábado, aconteceu outro protesto em Brasília, pelo gasto bilionário com o Estádio Mané Garrincha (onde a presidente Dilma foi merecidamente vaiada na abertura da Copa das Confederações) e, no domingo, no Rio de Janeiro, no entorno do Maracanã. Ambas as manifestações foram seguidas de mais violência policial (principalmente aos cariocas). E ontem, várias capitais (São Paulo, Rio, Porto Alegre, Brasília, Salvador, Belém e Belo Horizonte) e algumas cidades do interior, milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra o governo, de um modo geral, contra tudo o que está errado no país – como a corrupção, o mau uso do dinheiro público, a alta carga tributária etc – e foi uma das coisas mais lindas que eu já vi na minha vida, gerando fotos como a que ilustra o post. Foi a maior movimentação civil desde o Diretas Já (1985) e o Fora Collor (1992), um marco na História do país. Apesar de terem ocorridos tantos excessos da polícia (como em BH e no Rio) como a de alguns manifestantes (RJ, SP e SP) – pois sempre têm aquelas pessoas que vão com má fé, mesmo nestes casos, infelizmente -, finalmente o povo brasileiro “acordou” e resolveu se voltar contra os governantes, mostrando que não somos bois para sermos maltratados e permanecermos passíveis, e mesmo que o movimento não tenha uma proposta concreta que, de fato, vá mudar algo de imediato no país, me deixou muito orgulhoso, principalmente da juventude, que sempre pareceu alienada e despreocupada com a política e engajamentos sociais.
Que 17/06/2013 não seja só mais um dia de “barulho” e “bagunça” na vida dos brasileiros, mas que esta data seja apenas o começo da mudança que a nossa nação tanto precisa, mesmo que a tarifa não aumente, mesmo que as manifestações pacíficas não sejam transformadas em um guerra, que não nos acomodemos, e que, se for preciso, sejam feitas mais passeatas e muito mais barulho nas ruas até que a mudança venha.
Viva a democracia! Viva a juventude brasileira!

“Todas as grandes mudanças são precedidas pelo caos”
– Deepak Chopra

Agora fiquem com esse emocionante vídeo dos manifestantes em São Paulo cantando o Hino Nacional. De arrepiar!

“Somos um grão de areia”

pálido ponto azul

Conforme dica do meu amigo Vagão, segue o excelente texto de Carl Sagan, bem pertinente nos dias atuais para conscientizar as pessoas que tornam esse mundo um lugar inabitável para a paz, a coexistência e o respeito entre todos. Se chama “O Pálido Ponto Azul”.

“Olhem de novo para esse ponto (foto acima, tirada pela espaçonave Voyager I em 14/02/1990 quando estava voltava da missão de fotografar Saturno). Isso é a nossa casa, isso somos nós. Nele, todos a quem ama, todos a quem conhece, qualquer um dos que escutamos falar, cada ser humano que existiu, viveu a sua vida aqui. O agregado da nossa alegria e nosso sofrimento, milhares de religiões autênticas, ideologias e doutrinas econômicas, cada caçador e colheitador, cada herói e covarde, cada criador e destruidor de civilização, cada rei e camponês, cada casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e explorador, cada mestre de ética, cada político corrupto, cada superestrela, cada líder supremo, cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu aí, num grão de pó suspenso num raio de sol.

A Terra é um cenário muito pequeno numa vasta arena cósmica. Pensai nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e imperadores, para que, na sua glória e triunfo, vieram eles ser amos momentâneos duma fração desse ponto. Pensai nas crueldades sem fim infligidas pelos moradores dum canto deste pixel aos quase indistinguíveis moradores dalgum outro canto, quão frequentes as suas incompreensões, quão ávidos de se matar uns aos outros, quão veementes os seus ódios.

As nossas exageradas atitudes, a nossa suposta auto-importância, a ilusão de termos qualquer posição de privilégio no Universo, são reptadas por este pontinho de luz frouxa. O nosso planeta é um grão solitário na grande e envolvente escuridão cósmica. Na nossa obscuridade, em toda esta vastidão, não há indícios de que vá chegar ajuda de algures para nos salvar de nós próprios.

A Terra é o único mundo conhecido, até hoje, que alberga a vida. Não há mais algum, pelo menos no próximo futuro, onde a nossa espécie puder emigrar. Visitar, pôde. Assentar-se, ainda não. Gostarmos ou não, por enquanto, a Terra é onde temos de ficar.

Tem-se falado da astronomia como uma experiência criadora de firmeza e humildade. Não há, talvez, melhor demonstração das tolas e vãs soberbas humanas do que esta distante imagem do nosso miúdo mundo. Para mim, acentua a nossa responsabilidade para nos portar mais amavelmente uns para com os outros, e para protegermos e acarinharmos o ponto azul pálido, o único lar que tenhamos conhecido.

Carl Sagan era norte-americano e foi cientista, astrônomo, astrofísico, cosmólogo, escritor, divulgador científico e vencedor do prêmio Pullitzer, e faleceu em 1996 vítima de pneumonia aos 62 anos de idade.